MAR-1

1 de Março

Atenta para a obra de Deus porque quem poderá endireitar o que ele fez torto? (Ec 7.13.)

Muitas vezes Deus parece colocar Seus filhos em situações de grande dificuldade, conduzindo-os a um caminho estreito de onde não há saída; criando uma situação que a razão humana nunca permitiria, se fosse previamente consultada. No entanto, é a própria nuvem de Deus que os conduz a esse lugar (Nm 9.17). Agora mesmo podemos estar envolvidos nessa nuvem.

O assunto parece ser bastante sério e suficiente para deixar-nos perplexos; mas está perfeitamente certo. Depois o livramento justificará plenamente Aquele que nos levou ali. Servirá como que de palco, onde o Senhor mostrará Sua graça e poder.

E Ele não somente nos dará o livramento, como, ao fazê-lo, nos dará também uma lição da qual jamais nos esqueceremos e da qual nos lembraremos muitas vezes, em dias futuros, com salmos de louvor. Nunca conseguiremos agradecer suficientemente a Deus por haver feito exatamente como fez. — Selecionado

Vi nascer o problema,
E o vi crescendo...
Vi-o tornar-se grande — imensurável.
E esmagar-nos a um canto — inexorável.
E sem nada entender; E sem nada poder.

— Ó Senhor, que fazer?

A minha alma clamou.
E sofreu, e chorou,
E angustiou-se.
Mas ali, meu Senhor,

Eu Te vi bem de perto;
Conheci o Teu toque
E provei o Teu bálsamo,
Assistência e amor. ...

Entender o problema?
Eu não o entendo.
Mas vi meu Deus tão grande — incomparável!
Vi Seu amor por mim — imensurável.
Seu é todo o poder;
Tudo pode fazer;
Tudo pode entender;
E É meu Pai.

2 de Março

Prepara-te para amanhã, para que subas..., e ali te apresenta a mim no cume do monte. Ninguém suba contigo. (Êx 34.2, 3.)

O momento matinal com Deus é essencial. Não podemos encarar o dia sem ter olhado para Deus, nem ter contato com outros, sem primeiro ter estado em contato com Deus.

Não podemos esperar vitória, se começamos o dia na nossa própria força. Enfrentemos o trabalho de cada dia sentindo a influência de alguns momentos tranqüilos com o coração diante de Deus. Não entremos em contato com ninguém, mesmo os de casa, sem ter primeiro conversado com o grande hóspede e companheiro de nossa vida — Jesus Cristo.

Conversemos a sós com Ele regularmente. Conversemos a sós com Ele diante da Bíblia, e enfrentemos os deveres habituais e não habituais de cada dia, tendo a influência dEle a controlar cada um de nossos atos.

Tens hoje muito que fazer, talvez;
Fala com Deus, primeiro.
As coisas mudam tanto de figura
Quando encaradas lá,
A sós com Deus.

Familiariza-O com esses teus assuntos;
Derrama ali o cuidado que te trazem;
Procura ver a mente do Senhor.

Toma as promessas que nos fez, tão grandes;
De que ouve as orações;
De que trabalha
Para quem nEle espera;

Que lancemos
Sobre Ele as ansiedades,
Que Ele cuida de nós; e tantas outras!
E usa-as no teu viver.

Sim, vale a pena,
Antes de pôr a mão nos afazeres,
Primeiro irmos falar a sós com Deus.

Os homens que mais trabalharam para Deus neste mundo foram os que passaram mais tempo de joelhos.

Mathew Henry costumava ir para o escritório às quatro da manhã e ali ficava até as oito; então, depois do café e da oração em família, ali ficava outra vez até meio-dia; depois do almoço retomava os livros ou a pena até as quatro; e o resto do dia passava em visita aos amigos.

Doddridge, o autor de "Family Expositor", refere-se à existência dessa sua obra como uma prova da diferença entre levantar-se às cinco e às sete, que, em quarenta anos, é equivalente a mais dez anos de vida.

O "Comentário" de Adam Clark foi preparado principalmente nas primeiras horas da manhã.

O tão conhecido e útil "Comentário" de Barnes foi também fruto "das primeiras horas do dia".

Simeon, o autor de "Notas" (Sketches), preparou-as, na maior parte, entre as quatro e as oito da manhã.

3 de Março

E ele, clamando, e agitando-o muito, saiu. (Mc 9.26.)

O mal nunca se rende sem feroz luta e resistência. Não alcançamos nenhuma vitória entre os divertimentos agradáveis de um piquenique, mas sempre nas duras disputas do campo de batalha. É assim que acontece no campo espiritual. Em cada área da nossa vida só alcançamos a liberdade a preço de sangue. O adversário não é posto em fuga por meio de uma delicada solicitação; ele está presente em todo o caminho; e cada passo avante será marcado com sofrimento. Não podemos esquecer-nos disto, ou iremos acrescentar aos outros fardos da vida a amargura causada por uma interpretação errônea. Não nascemos de novo em berçários macios e protegidos, mas em campo aberto, onde precisamos tirar forças do próprio furor da tempestade: "Por muita tribulação nos importa entrar no reino de Deus." — Dr. J. H. Jowett

Senhor Jesus, meu fiel Amigo,

Meu Salvador, fica comigo;

Porque já é tarde, a noite desce...

E tudo muda, tudo perece;

A luta cresce e o mal aumenta!

Minha alma frágil só não agüenta!

Faze-Te perto, fica comigo,

Meu salvador!

Eis que estou convosco todos os dias. (Mt 28.20.)

4 de Março

Imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas. (Hb 6.12.)

Eles (os heróis da fé) do alto posto que conquistaram, nos fazem um apelo e dizem que, o que o homem fez uma vez, pode fazer de novo. Não apenas nos lembram a necessidade de fé, mas também daquela paciência pela qual a fé tem a sua obra completada. Temamos retirar-nos das mãos do nosso Guia ou perder uma só lição da Sua amável disciplina, por desânimo ou dúvida. "Só há uma coisa que eu temo," dizia um ferreiro, "e é ser lançado na pilha de ferro velho.

"Quando vou temperar uma peça de aço, primeiro a aqueço bem, depois a golpeio, então, rapidamente mergulho-a neste balde de água fria. Logo vejo se vai agüentar a tempera ou não. Quando descubro, após uma ou duas provas, que aquele aço não vai aceitar a têmpera, jogo-o na pilha de ferro velho e vendo-o por qualquer bagatela.

"Assim também eu vejo que Deus me prova com fogo, e água, e severos golpes do Seu pesado martelo; e se não estou disposto a passar pela prova, ou não sou achado adequado para receber a Sua têmpera, receio que me lance na pilha de ferro velho."

Quando o fogo estiver mais quente, guarde calma, pois haverá um abençoado "depois"; e poderemos dizer como Jó: "Provando-me ele, sairei como o ouro" — Selecionado

É do sofrimento que brota uma vida santa. São necessárias onze toneladas de pressão para afinar-se um piano. Deus afinará a nossa vida segundo o diapasão celeste, se nós suportarmos o processo.

Sim, Senhor, bendito és.

Faze o que Te aprouver.

És todo-sábio,

E és meu Deus; és meu Pai;

Meu Redentor.

Faze o que Te aprouver

E como Te aprouver. Em Tuas mãos estou, Senhor!

5 de Março

Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim. (Hb 3.14.)

O último passo é que marca a vitória; e na história do Peregrino não há lugar mais perigoso do que a região próxima aos portais da Cidade Celestial. Era ali que ficava o Castelo da Dúvida. Era ali que o terreno encantado atraía o cansado viajante, levando-o a um sono fatal. É quando as bênçãos celestes estão à vista, que a porta do inferno se torna mais presente com seus perigos mortais. Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, "se não houvermos desfalecido". "Correi de tal maneira que o alcanceis."

6 de Março

Nós esperávamos. (Lc 24.21.)

Eu sempre lamentei que naquela caminhada a Emaús os discípulos não tenham dito ao Senhor: "Nós ainda esperamos'', em vez de "Nós esperávamos". É triste isso — alguma coisa que acabou. Se apenas tivessem dito: "Tudo está contra as nossas esperan-ças; parece que a nossa confiança foi em vão, mas não desistimos; cremos que O veremos outra vez." Mas não, eles caminharam ao Seu lado, declarando que haviam perdido a fé, e Ele teve que dizer-lhes: "Ó néscios e tardos de coração para crer!"

Não estaremos no mesmo perigo de ouvir estas coisas ditas a nosso respeito? Tudo mais podemos perder, desde que não percamos a nossa fé no Deus de verdade e amor.

Nunca ponhamos a nossa fé no passado, como estes discípulos: "Nós esperávamos", mas digamos sempre: "Eu estou esperando". — Crumbs

Eu sou como os dois homens de Emaús:

De coração tardio para crer.

Senhor, ajuda-me a incredulidade!

Sei que és fiel, e tenho, na verdade,

Provado Teu cuidado e Teu poder

Mas se me vejo em nova situação,

Percebo ainda tremer meu coração...

Eu Te conheço, e sei que deveria

Agir, Senhor, com bem mais ousadia!

Quero glorificar-Te em meu viver:

Aumenta a minha fé, Senhor Jesus.

7 de Março

Em tudo fomos atribulados. (2 Co 7.5.)

Por que teria Deus de guiar-nos assim, e permitir que a pressão seja tão dura e constante? Bem, em primeiro lugar, isso mostra muito melhor a Sua força e graça suficiente, do que se estivéssemos isentos de pressão e prova. O tesouro está "em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós".

Além do mais, isto faz-nos mais conscientes da nossa dependência dEle. Deus está constantemente procurando ensinar-nos a nossa dependência, e procurando conter-nos inteiramente em Sua mão e confiados ao Seu cuidado. Era o lugar que Jesus ocupava e quer que nós ocupemos; firmados, não em nossa própria força, mas com a mão sempre na Sua, e com tal confiança nEle que não ousemos dar sequer um passo sozinhos. E esses caminhos de Deus para nós ensinam-nos confiança.

Não há maneira de aprendermos a ter fé, senão pelas provações. Elas são a escola da fé, e é muito melhor aprendermos a confiar em Deus do que a gozar a vida.

A lição da fé, uma vez aprendida, é uma aquisição eterna, bem como um eterno tesouro; e sem a confiança, até mesmo riquezas nos deixarão pobres. — Days of Heaven upon Earth

Sim, meu Senhor, quanta lição preciosa.

Faze-me atento, faze-me aprender.

8 de Março

Faze como falaste... e que o teu nome se engrandeça para sempre. (1 Cr 17.23, 24.)

Este é um aspecto importante da oração. Muitas vezes pedimos coisas que não estão absolutamente prometidas. Portanto, se não perseverarmos durante algum tempo, não podemos ter certeza se o que pedimos está ou não dentro dos propósitos de Deus. Há outras ocasiões, e na vida de Davi esta foi uma delas, em que estamos inteiramente persuadidos de que o que estamos pedindo está de acordo com a vontade de Deus. Somos levados a tomar uma promessa das Escrituras e reivindicá-la, sob a impressão de que ela contém uma mensagem para nós. Em tais ocasiões, com fé, confiantes, dizemos: "Tu disseste". De fato, nada melhor nem mais seguro do que descobrirmos uma promessa da Palavra de Deus e nos apropriarmos dela. Não precisa haver angústia, luta ou combate; simplesmente apresentamos o cheque e pedimos o fundo; apresentamos a promessa, e requeremos o seu cumprimento; e nem pode haver dúvida quanto ao resultado. Teríamos maior interesse na oração, se fôssemos mais definidos no que pedimos. É bem melhor clamar especificamente por uma bênção do que orar vagamente por muitas. — F. B. Meyer

Cada promessa das Escrituras é um documento escrito de Deus, que pode ser cobrado diante dEle com este pedido lógico: "Faze como falaste". O Criador não trai a confiança das criaturas que nEle confiam, e mais ainda, o Pai Celestial não falta com a Palavra para com Seu filho.

"Lembra-te da palavra dita a teu servo e na qual me fizeste esperar", eis o clamor que prevalece. É um argumento duplo: é a Tua Palavra. Não a cumprirás? Por que falaste, se não a vais fazer valer? Tu me fizeste esperar nela, irás fazer desapontar a esperança que Tu mesmo geraste em mim? — C. H. Spurgeon

"Estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer." (Rm 4.21.)

É a eterna fidelidade de Deus que torna as promessas bíblicas "grandíssimas e preciosas". As promessas humanas são muitas vezes sem valor. Muitos corações têm ficado partidos por causa de promessas quebradas. Mas desde que o mundo é mundo, Deus jamais quebrou uma só promessa feita a qualquer de Seus filhos.

Ah, é triste ver um crente à porta da promessa na noite escura da aflição, com receio de abrir o trinco, quando deveria chegar-se ali e buscar abrigo com confiança, como um filho na casa do pai. — Gurnal Cada promessa é edificada sobre quatro pilares: A justiça e a santidade de Deus que não Lhe permitem enganar; Sua graça ou bondade, que não o deixa esquecer; Sua verdade, que não O deixa mudar e que O faz cumprir. — Selecionado

9 de Março

Olha desde o cume. (Ct 4.8.)

Aos crentes, os pesos esmagadores fornecem asas. Parece contradição, mas é uma grande verdade. Davi, no meio de uma experiência amarga, exclamou: "Quem me dera asas como de pomba! voaria e acharia pouso" (Sl 55.6). Mas antes de terminar essa meditação, ele parece ter percebido que esse seu desejo era realizável. Pois diz: "Lança o teu cuidado sobre o Senhor, e ele te susterá". Outra tradução diz: "Descarrega o teu fardo sobre o Senhor".

Os fardos dos santos são dádivas de Deus, pois levam-nos a esperar "no Senhor". E ao fazerem isso, por meio da confiança o "fardo" se transforma em asas, e aquele que estava sob o peso do fardo subirá com asas como águia. — Sunday School Times

Ver Teu rosto, Jesus, é o que me importa.

Circunstâncias hostis, a pressão do inimigo,

Tudo me quer tirar esta visão:

Ver Teu rosto e habitar contigo, em Ti.

Venho pois, Salvador, como Tu queres,

— Como traz alegria a Ti e a mim —

Descansar em Teu braço e contemplar-Te.

Quero ficar aqui. Quero Te ver.

10 de Março

O justo viverá por fé. (Rm 1.17.)

Muitas vezes a fé é substituída pelo que está diante dos olhos e pelos sentimentos. As emoções felizes e as experiências profundas que satisfazem o coração fazem parte da vida cristã, mas isso não é tudo. Ao longo do caminho estão aflições, conflitos, combates e provas, e não devem ser contados como infelicidade, mas como parte de nossa necessária disciplina.

Se estamos andando obedientemente diante do Senhor, devemos considerar, em todas estas experiências, o fato de que Ele habita em nossos corações, mesmo que não o estejamos sentindo. É aqui que muitos ficam perturbados; procuram andar pelas emoções, em vez de pela fé.

Uma irmã consagrada conta que certa vez Deus parecia ter-Se afastado dela. Sua misericórdia parecia haver desaparecido comple-tamente. Sua solidão durou um mês e meio e depois disso pareceu-lhe que o Senhor lhe dizia:

"Catarina, você tem procurado por mim do lado de fora, no mundo dos sentimentos, mas todo o tempo eu tenho estado esperando por você; encontre-se comigo no interior do seu espírito, pois eu estou ali."

Façamos distinção entre o fato da presença de Deus e a emoção do fato. É uma felicidade quando, embora a nossa alma se sinta solitária e deserta, a fé pode dizer: "Eu não Te vejo, eu não Te sinto, mas embora eu esteja como estou, Tu estás aí." Digamos a nós mesmos, repetidamente: "Tu estás aí; embora a sarça não pareça arder, sei que ela está ardendo. Vou tirar os sapatos de meus pés, porque o lugar em que estou é terra santa". — London Christian

Creiamos mais na Palavra e no poder de Deus do que em nossas emoções e experiências. A nossa Rocha é Cristo, e não é a Rocha que oscila nas marés, mas o mar. — Samuel Rutherford

Tenhamos os olhos fixos na grandiosidade infinita da justiça e da obra consumada de Cristo. Olhemos para Jesus e creiamos, olhemos para Jesus e vivamos! Olhando para Ele, icemos as velas de nossa embarcação e singremos com ousadia os mares da vida. Não fiquemos parados no porto da desconfiança ou adormecidos na sombra, em repouso inativo, nem à mercê da instabilidade do nosso humor e das nossas emoções, como o barco no porto, largado ao sabor das ondas. A vida religiosa não consiste em pairar sobre emoções. Avancemos com as velas içadas e os olhos postos nAquele que governa a fúria das águas. A segurança do pássaro está em suas asas. Se o seu abrigo é próximo ao chão, se ele voa baixo, expõe-se à armadilha ou à rede do caçador. Se ficarmos revolvendo-nos nas regiões baixas dos sentimentos e emoções, ver-nos-emos em mil malhas de dúvida e desânimo, de tentação e incredulidade. Esperemos em Deus. —J. R. Macduff

11 de Março

Sucedeu depois da morte de Moisés, servo do Senhor, que este falou a Josué, filho de Num, servidor de Moisés, dizendo: Moisés, meu servo, é morto; dispõe-te agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel. (Js 1.1, 2.)

A tristeza entrou em seu lar deixando ali um vazio. Seu primeiro impulso agora é desistir de tudo e sentar-se em desespero entre os destroços de suas esperanças. Mas você não se atreve. Está no campo de batalha, e a crise está às portas. Fraquejar um momento seria pôr em perigo algum interesse santo. Outras vidas seriam prejudicadas por uma demora sua, interesses santos ficariam prejudicados se você cruzasse os braços. E você não pode parar, nem para sofrer um pouco a Sua própria dor.

Um general relatou uma história dramática vivida por ele no tempo da guerra. Seu filho era tenente de bateria. Processava-se um assalto. O pai comandava sua divisão num ataque; enquanto avançava no campo, seus olhos de repente caíram sobre um tenente morto, bem à sua frente. De um relance percebeu que era seu filho. O impulso do coração de pai era parar junto do morto querido e dar vazão à dor, mas o dever do momento ordenava que ele prosseguisse no ataque; assim, roubando às pressas um beijo, aos lábios mortos, avançou rápido, liderando seu grupo no assalto.

O choro inconsolável à beira de um túmulo não poderá restituir-nos aquele que amamos, nem tampouco bênção alguma virá dessa tristeza. A dor faz cicatrizes profundas; ela grava seus registros indelevelmente no coração dos que a sofrem. Na verdade, nós nunca nos recuperamos inteiramente de nossas grandes dores; nunca somos os mesmos depois que passamos por elas. No entanto, na dor que foi devidamente aceita e suportada com ânimo, há uma influência humanizadora e fertilizadora. Aliás, são pobres os que nunca sofreram e não trazem marca de sofrimento. O gozo que nos está proposto deveria brilhar sobre as nossas dores, como o sol brilha através das nuvens, dando-lhes glória. Deus estabeleceu as coisas de tal forma que, prosseguindo no dever, encontraremos a mais rica e verdadeira consolação. Se nos sentamos para acalentar as nossas dores, a escuridão cresce à nossa volta e penetra em nosso coração, e nossa força muda-se em fraqueza. Mas se voltarmos as costas à sombra e tomarmos as tarefas e deveres a que Deus nos chama, a luz novamente voltará e ficaremos mais fortes. — J. R. Miller

12 de Março

E o Senhor trouxe sobre a terra um vento oriental todo aquele dia e toda aquela noite; quando amanheceu, o vento oriental tinha trazido os gafanhotos... Então se apressou Faraó em chamar a Moisés e a Arão... Então o Senhor fez soprar fortíssimo vento ocidental o qual levantou os gafanhotos e os lançou no Mar Vermelho; nem ainda um só gafanhoto restou em todo o território do Egito. (ÊX 10.13, 16, 19.)

Observemos como, nos dias antigos, quando o Senhor lutava por Israel contra o cruel Faraó, os ventos operaram livramento; o que, aliás, tornamos a ver naquela grande demonstração do poder de Deus — o golpe final que Ele lançou contra o orgulhoso desafio do Egito. Deve ter parecido a Israel uma coisa estranha e quase impiedosa verem-se cercados por tão grande hoste de perigos — pela frente, o mar a desafiá-los; de cada lado, os picos rochosos tirando-lhes toda esperança de fuga; sobre eles, como que a formar-se um furacão. Era como se o primeiro livramento tivesse vindo para posteriormente entregá-los a uma morte inevitável. Para completar o terror, ergueu-se o grito: os egípcios vêm vindo atrás de nós!

Quando parecia que haviam caído nas mãos do inimigo, então veio o glorioso triunfo. E vieram os ventos e afastaram as ondas, e os exércitos de Israel avançaram através da vereda aberta no grande leito do mar — tendo como abóbada protetora o amor de Deus.

De cada lado estavam as paredes de água, brilhando à luz da glória do Senhor; e acima deles soprava o forte vento. Assim foi por toda a noite; e quando, ao romper do dia seguinte, os últimos homens de Israel puseram o pé do outro lado do mar, o trabalho do vento estava terminado.

Então Israel cantou ao Senhor o cântico do vento que servira ao cumprimento da Sua Palavra.

"O inimigo dizia: Perseguirei, alcançarei, repartirei os despojos... Sopraste com o teu vento, o mar os cobriu: afundaram-se como chumbo em águas impetuosas."

Um dia, pela grande misericórdia de Deus, nós também estaremos de pé sobre o mar de vidro, tendo nas mãos a harpa de Deus. Então cantaremos o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro: "Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações!" Então saberemos como os ventos fortes operaram nosso livramento.

Hoje vemos apenas o mistério da grande tristeza pela qual estamos passando; depois compreenderemos que o inimigo ameaçador foi banido exatamente naquela noite de temor e pesar.

Agora olhamos apenas a perda; depois saberemos que a perda foi um golpe sobre aquele mal que estava ameaçando nos prender com seus grilhões. Hoje estremecemos ante os ventos sibilantes e os trovões que rugem; mais tarde veremos que eles afastaram as águas da destruição e nos abriram o caminho para a terra da promessa. — Mark Guy Pearse "

Ele voa sobre as asas do vento."

13 de Março

Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações ! (Ap 15.3.)

O incidente que segue é relatado pela Sra. Spurgeon, uma mulher que conheceu o sofrimento por mais de vinte e cinco anos. "Ao fim de um dia escuro e tristonho, estava eu deitada em meu divã, enquanto a noite descia; e embora tudo estivesse claro em meu quarto gostoso, um pouco daquela escuridão lá de fora começou como que a entrar em minha alma e a obscurecer minha visão espiritual. Em vão eu procurava ver a mão que eu bem sabia estar segurando a minha e guiando meus pés, calçados em névoas, ao longo da íngreme e escorregadia vereda do sofrimento. Em tristeza, meu coração perguntou:

"Por que será que meu Senhor trata assim a um filho Seu? Por que será que tantas vezes me envia esta dor tão aguda? Por que será que permite que esta fraqueza demorada impeça o serviço que eu tanto anelo prestar a Seus pobres servos?

"Estas perguntas ansiosas foram depressa respondidas, e por meio de uma linguagem muito estranha; nenhum intérprete foi necessário, além do consciente segredar do meu coração.

"Por um instante reinou silêncio no pequeno aposento, inter-rompido apenas pelo estalar da acha de carvalho na lareira. De repente ouvi um som doce e suave, uma pequena e clara nota musical, como o leve trinar de um passarinho à minha janela.

"O que será? Por certo nenhum passarinho vai estar cantando lá fora nesta época do ano e a estas horas.

"Novamente vem a fraca e lamentosa nota; tão doce, tão melo-diosa, e contudo bastante misteriosa para provocar admiração. Minha amiga exclamou:

"Ouça! Vem da acha de carvalho no fogo!' O fogo estava deixando livre a música aprisionada no âmago do carvalho.

"Quem sabe se ele não tinha armazenado este canto nos dias em que tudo lhe ia bem, quando passarinhos saltitavam alegremente em seus ramos e o sol lhe dourava as tenras folhas. Mas ele tinha envelhecido, desde então, e tinha-se endurecido; anel após anel de crescimento lhe havia marcado de nós o tronco e selado a esquecida melodia, até que as chamas vieram consumir sua insensibilidade, e o ardor veemente do fogo arrancou dali um canto... 'Ah', pensei, 'quando o fogo da aflição tira de nós hinos de louvor, então estamos de fato purificados, e o nosso Deus é glorificado!'.

"Quem sabe se algum de nós não está como esse velho carvalho — frio, duro, insensível; e não produziríamos sons melodiosos a não ser por meio do fogo, ardendo à nossa volta e libertando notas de confiança nEle e de alegre assentimento à Sua vontade.

"Enquanto eu refletia, o fogo crepitava, e minha alma achou conforto na parábola tão estranhamente trazida ao meu coração.

"Cânticos nas chamas! Sim, com a ajuda de Deus, e se essa for a única maneira de tirar harmonia destes corações duros e insensíveis, seja a fornalha aquecida sete vezes mais."

14 de Março

Moisés, porém, se chegou à nuvem escura, onde Deus estava. (Êx 20.21.)

Deus ainda tem Seus segredos, ocultos aos sábios e entendidos. Não os temamos; contentemo-nos em aceitar as coisas que não podemos entender; esperemos com paciência. Em breve Ele nos revelará os tesouros ocultos, as riquezas da glória do mistério. O mistério é apenas o véu da face de Deus.

Não temamos entrar na nuvem que está descendo sobre a nossa vida. Deus está nela. O outro lado da nuvem está radioso da Sua glória. "Não estranheis a ardente prova que vem sobre vós como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos de serdes participantes das aflições de Cristo." Quando parecemos estar mais sós e mais abandonados, Deus está perto. Ele está na nuvem escura. Mergulhemo-nos na escuridade dela, sem temor; no oculto do Seu tabernáculo encontraremos Deus à nossa espera. — Selecionado

Numa cama, entre dores;

Tudo adverso.

Nuvens densas e escuras ao redor.

Mas um brilho no olhar,

Irradiante;

No sorriso, uma paz

Transbordante.

A beleza de Cristo;

A presença de Deus.

Certa vez o Sr. C. estava num alto pico das Montanhas Rochosas, observando uma tempestade que caía no vale. De repente uma águia surgiu, atravessando as nuvens e voando para as alturas onde havia sol. As gotas dágua nas suas penas brilhavam como diamantes. Não fosse a tempestade, talvez ela tivesse ficado no vale. — As tristezas da vida nos levam a buscar a Deus.

15 de Março

Não ternas, ó vermezinho de Jacó... Eis que farei de ti um trilho cortante e novo. (Is 41.14,15.)

Poderiam duas coisas ser mais contrastantes que um verme e um instrumento de trilhar? O verme é tenro, esmaga-se sob uma pedra ou sob a roda que passa; um instrumento de trilhar é capaz de quebrar sem ser quebrado; é capaz de deixar marca sobre uma rocha. E o Deus poderoso pode converter um no outro. Ele pode tomar um homem ou uma nação que tenha a fragilidade do verme, e, com o vigor do Seu Espírito, imprimir-lhe uma força tal, que venha a exercer uma influência marcante sobre a história.

Portanto, o verme não deve desanimar. O Deus poderoso pode fazer-nos mais fortes do que as circunstâncias. Ele pode dispô-las todas para o nosso bem. Na força de Deus, podemos fazer com que todas elas contribuam para o nosso bem. Podemos até extrair de um amargo desapontamento uma bênção da graça. Quando Deus nos dá uma vontade de ferro, podemos vencer as dificuldades como a lâmina do arado, que abre sulco no solo mais duro. "Farei de ti" — e não o fará?

Cristo está edificando o Seu reino com vidas quebrantadas. Os homens querem somente o que é forte, bem sucedido, vitorioso, inquebrável, para a construção de seus reinos; mas Deus é o Deus dos mal-sucedidos, daqueles que fracassaram. O céu está ficando cheio de vidas quebrantadas, e não há cana quebrada que Cristo não possa restaurar e transformar em uma gloriosa bênção. Ele pode tomar a vida esmagada pela dor ou tristeza e torná-la numa harpa cuja música será toda de louvor. Ele pode nos soerguer do mais triste fracasso terreno à glória do céu. — J. R. Miller

Fui pesada em balança, e achada em falta.
Cercada por estranha situação,
Provei-me aquém da situação: em falta.
Vi no meu ser coisas que eu não sabia!
(Mas Tu sabias; ainda assim me amavas.)
Na Tua cruz as deixo, Salvador.

E eis, meu Senhor, o coração em falta
— Opere a Tua suficiência em mim.
Graças Te dou, que assim me revelaste:
O meu vazio, e o suprimento em Ti!

16 de Março

Para aproveitamento. (Hb 12.10.)

Ralph Connor conta, num de seus livros, a estória de Gwen, uma adolescente voluntariosa, temperamental, que tinha sido acostumada a fazer sempre o que queria. Um belo dia, sofreu um terrível acidente que a deixou paralítica. Encheu-se de revolta, e enquanto se encontrava nesse estado de rebelião, recebeu a visita do missionário que trabalhava entre o povo das montanhas onde ela morava.

Ele contou-lhe a parábola do canyon. "No princípio não havia canyons, mas somente a campina muito vasta e aberta. Um dia o Mestre da Campina, andando pelos seus grandes prados onde havia apenas grama, perguntou-lhe: 'Onde estão suas flores?' E a Campina respondeu: 'Mestre, eu não tenho sementes.'

"Então ele falou com os pássaros, e eles tomaram sementes de todo tipo de flores e as espalharam por toda a extensão da campina, e logo ela estava coberta por uma grande variedade de flores! Então veio o Mestre e ficou muito alegre; mas achou que faltavam ainda as flores de que mais gostava, entre as quais a violeta e as anêmonas. Então perguntou por elas à Campina.

"De novo ordenou aos pássaros e de novo eles trouxeram as sementes e as espalharam. Mas, novamente, quando o Mestre chegou, não encontrou aquelas flores de que tanto gostava. E perguntou:

"Onde estão aquelas florinhas de que tanto gosto?' E a Campina respondeu tristemente:

"Oh, Mestre, eu não consigo conservar essas flores, porque o vento sopra aqui com muita força e o sol é muito ardente, e elas murcham logo, e secam, e se vão com o vento.'

"Então o Mestre falou com o raio, e com um golpe rápido o raio rasgou a Campina. E ela estremeceu e gemeu em agonia, e por muitos dias se lamentou amargamente pela ferida escura, recortada e profunda.

"Mas o rio derramou suas águas pela fenda e carregou para ali bastante húmus; e novamente os pássaros carregaram sementes e as espalharam, agora pelo canyon. E depois de muito tempo as rochas ásperas estavam cobertas de musgo macio, de delicadas trepadeiras e cheias de recantos abrigados, onde podiam crescer em profusão aquelas outras flores, e por todo lado as violetas e as anêmonas, até que o canyon ficou sendo o lugar favorito do Mestre para descanso, paz e gozo."

Então o missionário leu para ela: "O fruto' — eu vou ler 'flores' — 'do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio' — e algumas destas só crescem no canyon."

"Quais são as flores do canyon?" perguntou Gwen mansamente. E o missionário respondeu: "Benignidade, mansidão, longanimidade; e embora as outras — amor, gozo, paz floresçam no lugar aberto, contudo nunca dão flores tão belas e com tanto perfume como no canyon.''

Gwen ficou um bom tempo em silêncio, e então disse pensativa, enquanto seus lábios tremiam: "Não há flores no meu canyon. Só rochas ásperas!”.

"Logo vai haver, minha querida. O Mestre vai achá-las ali, e nós também as veremos."

Caro irmão, quando você chegar ao seu canyon, lembre-se!

17 de Março

Permanece lá até que eu te avise. (Mt 2.13.)

Ó coração inquieto, que se debate contra as grades da prisão das circunstâncias, aspirando por uma esfera mais ampla de serviço. Deixe Deus dirigir os seus dias. Paciência e confiança, na monotonia da rotina, serão a melhor preparação para você agüentar corajosamente a tensão e o desgaste da grande tarefa que Deus poderá um dia mandar-lhe.

Eu me vi, por momentos, como em grades;
Como impedida pelas circunstâncias,
De realizar, contente, o ministério
Que cuido arder em mim, dado por Ti.
Por momentos apenas; dou-Te graças
— E foi assalto astuto do inimigo —
Pois Tu, Senhor, Senhor das circunstâncias,
És quem dirige todo o meu viver.

Só quero estar humilde e bem disposta,
Aqui, ali, além; onde me ponhas;
Contando como alegre ministério,
Estando em Ti, o derramar de Ti.
Até que hajas por bem. Senhor da Seara,
Fazer o uso que bem Te parecer
Desta chama que em mim fizeste arder.

18 de Março

Jesus, porém, não respondeu palavra. (Mc 15.5.)

Não há na Bíblia um quadro mais tocante que o do Salvador em silêncio, sem responder palavra alguma aos que O injuriavam, os quais Ele poderia ter feito cair prostrados a Seus pés com apenas um olhar ou uma só palavra de repreensão. Mas Ele os deixou falar e fazer o pior, e ali ficou no poder do silêncio de Deus — o mudo Cordeiro de Deus.

Há um silêncio que deixa Deus operar por nós; o silêncio que pára com os próprios planos e a auto-reivindicação, com os próprios recursos de sabedoria e com suas previsões, e deixa que Deus proveja e responda ao golpe cruel, segundo o Seu amor fiel e infalível.

Quantas vezes perdemos a intervenção de Deus porque tomamos nas mãos a nossa própria causa e avançamos em nossa defesa. Que Deus nos dê este poder de guardarmos silêncio; e também nos dê este espírito manso! — A. B. Simpson

Tomaram o Salvador, e amarrado O levaram
Como o banco dos réus, e, vis, O interrogaram;
E com astúcia mordaz, torpemente O acusaram.
Jesus, porém, não respondeu palavra.

De púrpura O vestiram e O coroaram de espinhos;
"Salve, Rei dos judeus!", Lhe exclamaram escarninhos;
Maltrataram-nO ali, segundo os seus caminhos
Jesus, porém, não lhes falou palavra.

De Deus a ovelha muda, em mão dos tosquiadores,
O Justo do Senhor, em mão dos malfeitores,
O Cordeiro de Deus, que salva os pecadores,
Jesus, ali, não respondeu palavra.

Olha pois a Jesus, amigo, se és tentado
A tomar a defesa e agir, se mal julgado;
Deixa o assunto com o Pai, se és sem culpa acusado.
Teu Salvador não respondeu palavra!

19 de Março

Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos... alegrai-vos ...sois participantes dos sofrimentos de Cristo. (1 Pe 4.12,13.)

Muitas horas de espera foram necessárias para o enriquecimento da harpa de Davi; e muitas horas de espera no deserto produzirão em nós um salmo de "ação de graças e voz de cântico", para levarmos alento aos corações desanimados, aqui em baixo, para júbilo na casa do Pai, lá em cima.

Que preparação teve o filho de Jessé para produzir aqueles cânticos nunca igualados na terra? A afronta dos ímpios, que fez brotar nele o clamor pelo socorro de Deus. Então a tênue esperança na bondade de Deus desabrochou num cântico de regozijo por Seus poderosos livramentos e múltiplas misericórdias. Cada tristeza era uma nova corda para sua harpa; cada livramento outro tema de louvor.

Quão grande seria a nossa perda, se uma só daquelas angústias lhe tivesse sido poupada; se uma só dentre aquelas bênçãos não fosse agradecida ou notada; se um só daqueles perigos fosse evitado; quão grande, sim, seria a perda naquele vibrante Saltério em que o povo de Deus encontra a expressão de sua tristeza e louvor!

Esperar em Deus e experimentar a Sua vontade é conhecê-lO e participar dos Seus sofrimentos e ser feito conforme a imagem de Seu Filho. Assim, se é necessário agora que o vaso de barro seja aumentado para maior compreensão espiritual, não devemos nos assustar com a grande dose de sofrimento que nos espera. A capacidade de compreensão e solidariedade dada por Deus será bem maior, pois a ação do Espírito Santo não nos torna insensíveis, antes, pelo contrário, ele torna os nossos sentimentos mais ternos e verdadeiros. — Anna Shipton

20 de Março

Entristecidos, mas sempre alegres. (2 Co 6.10.)

O estóico zomba daquele que derrama lágrimas; ao crente, porém, não é proibido chorar. Às vezes, diante de uma dor muito grande, a pessoa permanece calada, enquanto a tesoura do tosquiador roça a sua carne trêmula; mas, quando o nosso coração se abate sob a série contínua de provações, podemos buscar alívio no choro. Há, porém, algo ainda superior a isto.

Dizem que em certos lugares fontes de água doce saltam no meio das águas salgadas do mar; que as mais lindas flores dos Alpes se encontram nos recantos mais agrestes e escarpados das montanhas; que os mais sublimes salmos foram o produto da mais profunda agonia de alma.

Pois bem, assim, entre as múltiplas provas, aqueles que amam a Deus encontrarão motivo de grande alegria. Embora um abismo chame outro abismo, o cântico do Senhor se fará ouvir claro dentro da noite. E É possível, mesmo na hora mais difícil que o homem atravessar, bendizer o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Será que aprendemos esta lição? Não se trata de suportar, meramente, a vontade de Deus, e não somente de escolhê-la, mas de regozijar-se nela com gozo inefável e cheio de glória. — Tried as by Fire

21 de Março

Seja-vos feito segundo a vossa fé. (Mt 9.29.)

Podemos dizer que uma pessoa ''prevaleceu em oração" quando, durante a oração, ela teve a certeza de que foi atendida, e ficou realmente consciente de já ter recebido aquilo que estava pedindo. Não nos esqueçamos de que nenhuma circunstância terrena pode impedir o cumprimento da Sua Palavra, se de fato estamos olhando firmemente para a imutabilidade daquela Palavra, e não para a incerteza deste mundo que está sempre mudando. Deus quer que creiamos na Sua Palavra, sem outra confirmação, e então Ele está pronto a dar-nos "segundo a nossa fé".

Faça prova de Deus,

Que as promessas de Deus

Permanecem de pé.

Faça prova de Deus.

Pois a fé honra a Deus,

Também, Deus honra a fé.

A oração da era de Pentecostes era como um cheque a ser pago em moeda perante sua apresentação. — B. Anderson

E disse Deus... E assim se fez. (Gn 1.6,7.)

22 de Março

Decorridos quarenta anos, apareceu-lhe no deserto do monte Sinai um anjo, por entre as chamas de uma sarça que ardia... Disse-lhe o Senhor... Vi, com efeito, o sofrimento do meu povo no Egito, ouvi o seu gemido, e desci para libertá-lo. Vem agora e eu te enviarei ao Egito. (At 7.30, 33, 34.)

Essa foi uma longa espera, em preparação para uma grande missão. Quando Deus parece "tardar", Ele não está inativo. Está preparando seus instrumentos, está deixando amadurecer nossos poderes; e no momento aprazado, nos levantaremos à altura da nossa tarefa. Mesmo Jesus de Nazaré permaneceu trinta anos no silêncio, crescendo em sabedoria, antes de começar Sua obra. — Dr. Jowett

Deus nunca está com pressa. Ele gasta muito tempo preparando aqueles que pretende usar para um serviço mais importante na Sua obra. Ele nunca considera o tempo da preparação demasiadamente longo nem desnecessário.

O ingrediente mais difícil de se suportar é, muitas vezes, o tempo. Um golpe agudo e rápido é suportado mais facilmente, mas quando um sofrimento se arrasta por anos longos e monótonos, e a cada dia continua presente, com a mesma rotina enfadonha de irremediável agonia, o coração perde a força, e sem a graça de Deus, certamente cairá num amargo desespero. Longa foi a prova de José, e, muitas vezes, Deus tem de gravar Suas lições no nosso coração por meio do fogo de uma dor prolongada. "Assentar-se-á como um ourives e refinador de prata", mas Ele sabe por quanto tempo, e como um verdadeiro ourives Ele diminui o fogo no momento em que vê a Sua imagem no metal brilhante. Podemos não ver agora o resultado do plano grandioso que Deus está ocultando na sombra de Sua mão; e este pode ser-nos ainda oculto por muito tempo; mas a fé pode estar certa de que Ele está assentado no trono, esperando calmamente pela hora em que, em arrebatamento e adoração, diremos: "Todas as coisas contribuíram juntamente para o bem.", Sejamos, à semelhança de José, mais cuidadosos para aprender as lições na escola da dor, do que ansiosos pela hora do livramento. Há um "se necessário" para cada lição, e quando estivermos prontos, por certo virá o livramento, e descobriremos que não poderíamos ter permanecido firmes no nosso posto de serviço, sem as lições que aprendemos na fornalha da provação. Deus está-nos educando para o futuro, para um serviço mais elevado e para bênçãos mais sublimes; e se temos qualidades que nos habilitam para uma posição de autoridade, nada nos poderá impedir de ocupá-la, quando chegar o tempo de Deus. Não roubemos da mão de Deus o amanhã. Devemos dar-lhe tempo para falar conosco e revelar-nos a Sua vontade. Ele nunca está atrasado; aprendamos a esperar.

Não corramos afoitamente adiante do Senhor; aprendamos a esperar pelo Seu tempo: tanto o ponteiro dos minutos como o ponteiro das horas precisa estar apontando o momento da ação.

23 de Março

Dos despojos das guerras as dedicaram para a conservação da casa do Senhor. (1 Cr 26.26.)

No seio da terra há energia armazenada nas minas de carvão, originada do calor que incendiou grandes florestas em eras remotas. De modo semelhante, armazenam-se forças espirituais dentro de nós, por meio do sofrimento que nós não compreendemos.

Um dia descobriremos que a experiência adquirida nas provações era apenas uma preparação para que pudéssemos ajudar, na hora da prova, aqueles que caminham conosco para a cidade do grande Rei.

Mas nunca nos esqueçamos de que a base para podermos ajudar os outros é a vitória sobre o sofrimento. A dor que nos deixa gemendo e chorando nunca trará benefício a ninguém.

Paulo não vivia a lamentar-se, mas entoando hinos de louvor e vitória; e quanto mais dura a prova, mais ele confiava e se regozijava, dando louvores até no altar do sacrifício. Ele disse: "E ainda que seja oferecido sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, nisto me regozijarei com todos vós." Senhor, ajuda-me neste dia a tirar forças de tudo o que me vier. — Days of Heaven upon Earth

Senhor, quando uma vez Tu permitiste
Que eu sofresse, na carne, tanta dor.
Eu Te vi tão de perto e tão precioso!

Minha alma cantou notas
Repassadas de gozo.
Produzidas em mim por Teu Espírito.

E o Teu consolo foi tão abundante!
Era como se eu fosse uma criança
Sustentada nos braços pela mãe…

Hoje, com gratidão, lembro esse tempo,
E louvo-Te, Senhor, pelo milagre
Dos cânticos na noite da aflição!

24 de Março

E orou Jacó: Deus de meu pai Abrão, e Deus de meu pai Isaque, ó Senhor que me disseste: Torna à tua terra, e à tua parentela, e te farei bem... Livra-me... (Gn 32.9,11.)

Há muitos sintomas sadios nessa oração. De certa forma ela pode servir como um modelo para o nosso espírito se expressar, quando estivermos na fornalha da aflição.

Ele começou citando a promessa de Deus: "Disseste". E o disse duas vezes (9 e 12). Assim ele ficou com Deus à sua mercê. Nas Suas promessas, Deus Se coloca ao nosso alcance; e quando lhe dizemos: "Tu disseste", Ele não pode dizer não. Ele tem de fazer como prometeu. Se o próprio Herodes foi tão zeloso de seu juramento, como não o será o nosso Deus? Quando orarmos, firmemos o pé sobre uma promessa; ela nos dará suficiente apoio para que as portas do céu se abram e nós entremos na posse da bênção. — Practical Portions for the Prayer Life

O Senhor Jesus deseja que sejamos definidos em nossas orações e específicos naquilo que pedimos. "Que queres que te faça?" é a pergunta que Ele faz a cada um que, em aflição e prova, chega-se a Ele. Se quisermos obter respostas bem definidas, apresentemos os nossos pedidos, de maneira clara. Orações vagas são a causa de tantas vezes ficarmos aparentemente sem resposta. Se preenchermos um cheque com um pedido definido, ele será descontado no banco do céu, quando for apresentado no nome de Jesus. Tenhamos a ousadia de ser específicos com Deus.

Frances R. Havergal disse certa vez: "Cada ano que eu vivo, e quase poderia dizer cada dia, pareço ver mais claramente que toda a paz, alegria e poder da vida cristã dependem de uma só coisa, e esta coisa é: aplicar a si mesmo a Palavra de Deus, crendo que Ele na realidade quer dizer exatamente o que diz, e aceitando exatamente as palavras em que Ele revela a Sua bondade e graça, sem as substituir por outras ou alterar os modos e tempos que Ele achou por bem usar."

Usemos a Palavra de Cristo e o Seu sangue — a promessa de Cristo e o Seu sacrifício — e nenhuma das bênçãos celestes nos será negada. — Adam Clarke

25 de Março

Sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam. (Hb 11.6.)

Fé para os dias de desespero. A Bíblia está cheia de dias assim. Seus registros são formados deles, seus cânticos são inspirados neles, sua profecia está ocupada com eles e sua revelação veio através deles. Os dias de desespero são as pedras que pavimentam o caminho de luz. Parecem ter sido a oportunidade de Deus e a escola de sabedoria para o homem.

No Velho Testamento, no Salmo 107, há a história de uma festa de amor; e em cada história de livramento, o ponto de desespero trouxe a oportunidade de Deus. O fim das forças humanas foi o começo do poder de Deus. Devemos nos lembrar da promessa de uma descendência numerosa como as estrelas do céu e como a areia do mar, feita a um casal já idoso. Leiamos novamente a história do mar Vermelho e daquela libertação, e do Jordão com a arca passando em seco. Estudemos mais uma vez as orações de Asa, Josafá e Ezequias, quando estavam em grande angústia e não sabiam o que fazer. Tornemos a ler a história de Neemias, Daniel, Oséias e Habacuque. Cheguemos com reverência ao Getsêmani e nos curvemos junto ao túmulo no Jardim de José de Arimatéia durante aqueles dias terríveis. Busquemos o testemunho da Igreja primitiva e peçamos aos apóstolos que nos contem a história daqueles dias desesperadores.

A fé não é responsável pelos nossos dias de desespero. Mas a obra da fé é dar-nos alento e mostrar a solução.

Não há um exemplo melhor dessa verdade do que o dos três jovens hebreus na fornalha. A situação era desesperadora, mas eles responderam corajosamente: "Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que fizeste." Eu gosto deste "se não"!

Tenho espaço apenas para mencionar o Getsêmani. Conside-remos profundamente o seu "Todavia", "Se possível... Todavia"! Profunda escuridão tinha descido sobre a alma do Senhor. Confiar-se na mão do Pai significava angústia até ao sangue e trevas até à descida ao Hades — Todavia! Todavia! — Rev. Samuel Chadwick

Havia Alguém com eles na fornalha,

Uma presença augusta — era o Senhor!

O mesmo Alguém promete estar comigo

Sempre presente, e sei que nunca falha.

Na chama ardente, no maior calor,

Há Alguém comigo, perto — o Salvador!

26 de Março

Olha desde onde estás para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; porque toda essa terra que vês, eu ta darei. (Gn 13.14,15.)

O Espírito Santo não põe em nós uma fome que Ele não pretenda satisfazer. Que a sua fé, pois, levante vôo e reclame toda a terra que você avistar. — S. A. Keen

Tudo o que pudermos apreender com a visão da fé é nosso. Estendamos os olhos até onde eles alcançam, pois tudo nos pertence. Tudo o que desejamos ser como crentes, tudo o que ansiamos fazer para Deus, está dentro das possibilidades da fé. Então acheguemo-nos a Ele, e com a alma aberta às influências do Espírito de Deus, deixemos que todo o nosso ser receba o batismo da Sua presença; e quando Ele nos abrir o entendimento para ver toda a plenitude divina, creiamos que tudo o que Ele tem é nosso. Apliquemos a nós mesmos todas as promessas da Sua Palavra, aceitemos todos os desejos que Ele despertar dentro de nós, tudo aquilo que podemos ser como seguidores de Jesus. Toda a terra que virmos, nos foi dada.

As provisões da graça de Deus estão de acordo com a sua visão interior. Aquele que põe no seio da ave o instinto de atravessar o continente em busca do sol de verão, não a engana; assim como colocou nela aquele instinto, colocou também naquela outra região as brisas suaves e o esperado sol, para que ela os encontre quando chegar.

Aquele que sopra em nosso coração a esperança celeste não nos enganará nem falhará, quando avançarmos ao encontro dela. — Selecionado

E, indo, tudo encontraram como Jesus lhes dissera. (Lc 22.13.)

27 de Março

Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória por vir a ser revelada em nós. (Rm 8.18.)

Um notável incidente ocorreu certa vez numa cerimônia de casamento na Inglaterra. Um rapaz muito rico e de elevada posição social, que havia perdido a vista num acidente aos dez anos de idade, e que a despeito da cegueira havia concluído o curso superior, estava noivo de uma jovem muito linda. Algum tempo antes do casamento ele havia se submetido a uma série de tratamentos em mãos de especialistas, e o clímax veio no dia da cerimônia.

Havia chegado a hora, e ali estavam os convidados. Entre estes, ministros de estado, generais e bispos, e outras pessoas importantes. O noivo, muito bem vestido, com os olhos ainda vendados, entrou na igreja com o pai, e juntos se dirigiram à sala paroquial, onde se encontraram com o médico do rapaz.

Chegou a noiva. Foi entrando na igreja pelo braço do pai. Grande era a sua emoção. Será que finalmente aquele que ela amava iria poder ver o seu rosto, que tantos admiravam mas que ele só conhecia pelo tato?

Ao aproximar-se do altar, enquanto ressoavam ainda os últimos acordes da marcha nupcial, seus olhos pousaram num estranho grupo.

Ali estava o rapaz com o pai, e, junto do moço, o médico, que acabava de tirar de seus olhos a última atadura. O noivo deu um passo à frente, com aquela dramática incerteza de alguém que não consegue acreditar que está acordado. Caía-lhe sobre o rosto um raio de luz rósea vindo de um vitral, mas isso não chamou a sua atenção.

Estaria ele vendo alguma coisa? Sim! Recobrando num instante sua firmeza de expressão, e com uma dignidade e gozo jamais vistos em seu rosto, adiantou-se ao encontro da noiva. Olharam-se ambos nos olhos, e dir-se-ia que os olhos dele jamais deixariam o rosto da moça.

"Até que enfim!" murmurou ela. "Até que enfim!" ecoou ele solenemente, inclinando-se. Foi uma cena de grande impacto, e sem dúvida de imensa alegria. E, no entanto, é apenas uma mera sugestão do acontecerá no céu quando o crente que tem andado por este mundo de provas e dores vir o Senhor face a face. — Selecionado

28 de Março

Porque há de acontecer que, assim que as plantas dos pés dos sacerdotes que levam a arca do Senhor, o Senhor de toda a terra, pousem nas águas do Jordão, serão elas cortadas, a saber, as que vêm de cima, e se amontoarão. (Js 3.13.)

Valorosos levitas! Quem pode deixar de admirá-los por carregarem a arca em direção ao rio, molhando já os pés nas suas águas? Pois as águas não foram divididas enquanto eles não tocaram nelas os pés (verso 15). Deus não o tinha prometido de outra forma. Deus honra a fé. A fé que vê a promessa e olha só para ela. Podemos imaginar como o povo não estaria olhando estes santos homens avançarem com a arca, e até como alguns dos espectadores não estariam dizendo: 'Eu é que não me arriscaria a tanto! Imaginem, aquela arca vai ser levada pela correnteza!' Mas não! "Os sacerdotes... pararam firmes no meio do Jordão, e todo o Israel passou a pé enxuto."

A arca tinha varais para ser levada nos ombros. Ela não se movia por si mesma, precisava ser transportada. Quando Deus é o arquiteto, os homens são os pedreiros e operários. A fé é um ajudante de Deus. Ela pode fechar a boca de leões e apagar a força do fogo. Ela honra a Deus, e Deus a honra. Como precisamos desta fé que prossegue em frente, deixando o cumprimento das promessas com Deus, para quando Ele achar que é o momento próprio! Companheiros levitas, coloquemos os ombros embaixo da preciosa carga, e não pensemos que estamos carregando a urna mortuária de Deus. É a arca do Deus vivo! Cantemos, enquanto marchamos em direção às águas! — Thomas Champness

Uma das principais características da presença do Espírito Santo na Igreja Apostólica era o espírito de ousadia. Uma das qualidades mais excelentes da fé que se lança à frente de grandes empresas para Deus e espera dele grandes bênçãos é a santa ousadia. No nosso relacionamento com Deus, quando se trata de recebermos dEle aquilo que é humanamente impossível, é mais fácil receber muito do que pouco; é mais fácil ficar num lugar de ousada confiança do que num de cautelosa timidez.

Para viver uma vida de fé, lancemo-nos ao mar alto, como os sábios marinheiros, e descubramos que, para o Senhor, todas as coisas são possíveis, e que tudo é possível ao que crê.

Façamos hoje grandes coisas para Deus; para isso, tomemos a fé e a força que procedem dEle, e creiamos que assim poderemos realizá-las. — Days of Heaven upon Earth

29 de Março

Considerai como crescem os lírios do campo. (Mt 6.28.)

"Preciso de óleo", disse um monge; então plantou uma mudinha de oliveira. "Senhor", orou ele, "ela precisa de chuva, para que suas raízes tenras possam beber e crescer. Manda chuvas brandas." E o Senhor mandou-lhe chuvas brandas. "Senhor", orou o monge, "minha planta precisa de sol. Peço-Te, manda sol." E o sol brilhou, dourando as nuvenzinhas chuvosas. "Agora neve, meu Senhor, para robustecer seus tecidos", pediu o monge. E lá ficou a plantinha coberta de neve brilhante. Mas à noite morreu.

Então o monge foi ao quarto de outro irmão e contou-lhe a estranha experiência. "Eu também plantei uma arvorezinha", disse o outro, "e veja como está viçosa! Mas eu confio a minha planta ao Deus que a criou. Ele que a fez sabe do que ela precisa, melhor do que um homem como eu. Não impus condições. Não estabeleci meios ou maneiras. Orei: 'Senhor, manda-lhe o que ela necessita. Sol ou chuva, vento ou neve. Tu a fizeste, e Tu sabes."

Faça como os lírios,
Deixe com o Senhor!
Eles crescem... crescem...
Quer no sol... na chuva...
Crescem e são cuidados!
Deixe com o Senhor!

Muito mais que aos lírios
Deus lhe tem amor!
Ele É quem trabalha
Pra quem nEle espera.
Sem temor, descanse...
Deixe com o Senhor!

30 de Março

Eia todos vós que acendeis fogo e vos cingis com faíscas: andai entre as labaredas do vosso fogo e entre as faíscas que acendestes: isto vos vem da minha mão, e em tormentos jazereis. (Is 50.11.)

Que aviso importante para aqueles que estão atravessando momentos de trevas e procuram sair para a luz por si mesmos. São comparados no verso com alguém que acende um fogo e anda no meio de suas próprias faíscas. O que significa isto?

Significa que quando estamos em trevas, a tentação é descobrir uma saída sem confiar no Senhor e sem buscar apoio nEle. Em vez de deixarmos que Ele nos guie para fora das trevas, procuramos sair por nós mesmos. Procuramos a luz do mundo e buscamos o conselho de amigos. Procuramos as conclusões da nossa própria razão, e talvez até sejamos tentados a aceitar um caminho de livramento que não seria absolutamente o do Senhor.

Todos estes caminhos são fogos acesos por nós; luzinhas frouxas, que certamente nos levarão a encalhar em algum banco de areia. E Deus nos deixará andar na luz dessas fagulhas, mas o fim serão dores.

Irmãos, não procuremos sair de uma situação difícil, a não ser no tempo de Deus e da maneira de Deus. O tempo de aflição tem o propósito de ensinar-nos lições de que precisamos grandemente.

Os livramentos prematuros podem frustrar a obra da graça em nossa vida. Simplesmente entreguemos a Ele toda a situação. Estejamos com o coração disposto a suportar qualquer prova, desde que tenhamos conosco a presença dEle. Lembremo-nos de que é melhor andar no escuro com Deus do que no claro sozinho. — The Still Small Voice

Deixemos de interferir nos desígnios e na vontade de Deus. Se pusermos a mão em algum de seus planos, estragaremos a obra. Podemos mover os ponteiros do relógio segundo a nossa conveniência, mas isso não mudará o tempo; podemos querer apressar o desenrolar da vontade de Deus, mas estaremos atrapalhando, e, não, ajudando a obra. Podemos abrir um botão de rosa, mas isso trará danos à flor. Deixemos tudo com Ele. Tiremos nossas mãos. Faça-se a Tua vontade, Senhor, não a minha. — Stephen Merritt

31 de Março

O vento era contrário. (Mt 14.24.)

Os ventos da primavera muitas vezes trazem tempestade. E não tipificam eles a tempestuosa estação de minha vida? Mas, na verdade, eu devia estar alegre por travar conhecimento com essas estações. É melhor que as chuvas caiam e venham as águas, do que eu permaneça em terras amenas onde nunca parece escurecer, nem sopram ventos fortes.

A tempestade da tentação afigura-se cruel, mas, não é verdade que ela dá mais intensidade e ardor à oração? Não me impele a me firmar nas promessas com mais força? Não torna o meu caráter mais refinado? A tempestade do luto é dolorosa; mas, não é uma forma de o Pai me atrair a Si mesmo, para que, no mistério da Sua presença, a Sua voz mansa e delicada possa falar ao meu coração? Há um aspecto da glória do Mestre que só pode ser visto quando o vento é contrário e o barco é agitado pelas ondas.

"Jesus Cristo não é um abrigo contra o temporal, Ele é um refúgio perfeito no temporal. Ele nunca nos prometeu uma viagem fácil, somente uma chegada certa."