Jornada de Restauração da Lota Joel ❤️ Capítulo 3 – “Família Perfeita”

Capítulo 3

 "Família Perfeita"

Os anos de nosso casamento se passaram e as provações eram constantes. Sempre tive a sensação de que Marco estava brincando, mas todos os bons momentos intermediários e a ideia de sermos uma família sempre superaram a dor. Tentei de tudo para tentar melhorar nosso relacionamento. É claro que minha primeira opção foi a oração que realmente nunca deixou de existir. Chorei muito e senti que minha vida era apenas um GRANDE erro e eu a tinha arruinado. Então pensei que o que precisávamos era ir para um aconselhamento. Eles são profissionais, então DEVEM saber as respostas para consertar nosso casamento. Depois disso, procurei uma amiga que lidava com espiritismo e pensei que se ela pudesse me dar uma visão sobre o presente e o futuro, eu tinha certeza de que poderia consertar as coisas. A certa altura, cheguei ao ponto de contratar um investigador particular. Achei que se conseguisse uma prova concreta da infidelidade de Marco, ele perceberia que eu não estava apenas agindo como uma louca ou alguém que age de forma suspeita e certamente pararia. Meu último recurso foi tentar me tornar uma mulher que eu achava que Marco queria, quero dizer, por que outro motivo ele estaria procurando outra pessoa, devo estar falhando em alguma coisa, então me tornei a esposa selvagem. Não fico confortável em refletir sobre meu passado e o que tentei fazer, mas aprendi que NADA funcionou. Eu estava vivendo um ciclo sem fim que não estava se quebrando.

Foi pouco antes da minha formatura na faculdade. Eu estava prestes a concluir meu bacharelado em ensino fundamental e estava muito feliz com o que havia conquistado. As coisas estavam ruins novamente com Marco e eu senti como se estivéssemos andando em uma montanha-russa cheia de altos e baixos. Eu tinha chegado ao meu limite. Disse a mim mesma: “Chorei minha última lágrima e estou pronta para seguir em frente”. Naquele verão, depois da formatura, fiz uma viagem para visitar a família em outro estado. Marco queria se reconciliar, mas meu coração tinha se tornado uma pedra e não sentia nada por ele. O amor havia terminado e eu estava ansiosa pelo meu novo futuro. Eu estava farta de brigas e problemas de confiança. Eu estava pronta para conquistar o mundo sozinha.

Fiquei fora por cerca de um mês e durante esse tempo Marco conheceu um amigo na academia que o convidou para ir à igreja. Ele estava procurando ajuda na época, então aceitou. Quando voltei, ele estava se transformando e pensei “isso é falso?” Ele queria que eu entrasse, mas recusei. Fiquei furiosa dizendo para mim mesmo: “ah, agora você quer ir à igreja?” Quando ele nunca demonstrou qualquer interesse no passado, quando eu toquei no assunto. Ele ia à igreja com frequência e havia um culto especial para casamentos que acontecia semanalmente e ele sempre me pedia para ir. Finalmente, cedi e disse “OK, vou”. Lembro-me de estar sentada na igreja e assim que começou eu me levantei e SAÍ CORRENDO. Não sei explicar, mas foi demais para mim. Eu me senti tão sobrecarregada e disse: “O que aconteceu?” Mal sabia eu que a guerra espiritual tinha acabado de começar para mim.

Dias depois, a esposa do líder, Maria, do ministério de casamento, me ligou. Eu estava sentada na minha escada e depois de uma breve “conversa fiada” ela começou a chorar dizendo como sentia toda a dor que estou passando. Rapidamente tentei acalmá-la e garantir que estava bem, muito calma e que tinha tudo que precisava. Em outras palavras, eu quis deixar claro que eu era BOA. Ela me pediu para dar outra chance ao culto na igreja e se eu voltaria. Ela me conquistou com gentileza, então concordei.

Eu realmente não queria ir, pois naquela época eu havia conhecido outra pessoa e estava namorando. POR QUE NÃO? Deixei claro para Marco que nosso relacionamento havia acabado e, além disso, ele já havia feito isso comigo diversas vezes. Era o que tinha que ser!

Comecei a me juntar a Marco na igreja, como prometi a Maria. Desta vez senti algo diferente, mas ao mesmo tempo familiar. Eu me senti como tinha vivido aos 17 anos. Comecei a sentir ALEGRIA novamente. Eu estava ansiosa para ouvir a mensagem e queria tudo o que eles estavam compartilhando sobre o casamento em minha vida. Mas não com Marco, seria com a nova pessoa que Deus tinha para mim.

Havia um retiro de casamento chegando para passar o fim de semana fora. Eu concordei em participar. Aquele fim de semana foi incrível e meu coração estava mudando. Eu estava disposta a dar uma chance para “nós”, mas tinha condições e a lista era longa. Incluía que tínhamos que ir à igreja todos os domingos, pelo menos, e tínhamos que ler a Bíblia. Eu não queria participar de um relacionamento com Marco se essas condições não fossem atendidas e deixei isso bem claro para ele.

Fui com força total em minha caminhada com Deus, a igreja e a Bíblia. As crianças também gostavam de frequentar a igreja e tinham um programa maravilhoso para elas também. Começamos as aulas de batismo juntos, mas Marco parou de frequentá-las, então completei-as sozinha e fui batizada. O que percebi é que quanto mais avançava, mais via Marco se retrair. Ele ficou distante e recomeçou seus velhos hábitos. Neste ponto, isso não importava mais. Eu havia encontrado algo novo e maravilhoso com Deus e desta vez não iria desistir, nem por Marco nem por ninguém!

Lembro-me de ter ido a um restaurante com Marco e começou uma conversa sobre a nossa situação. Eu disse muito claramente: “se você acha que vai ficar com outras mulheres e eu vou ficar por aqui, você está muito enganado”. Senti como se pela primeira vez ambos estivéssemos de acordo que talvez fosse melhor nos separarmos. Então fizemos o que qualquer outro casal teria feito. Contratamos um advogado “cristão” para cuidar do nosso divórcio. Estávamos sendo amigáveis e calmos e queríamos que as coisas corressem bem para nós e para as crianças. Concordamos em não contar a ninguém até que as coisas estivessem definitivas.

Na época, continuávamos a ir à igreja em família e, por fora, tudo parecia perfeito. Nós dois estávamos fazendo um ótimo trabalho enganando todo mundo. A igreja estava realizando pela primeira vez um retiro familiar de fim de semana. Hesitei, mas combinamos que seria para as crianças, então nos inscrevemos. Descobri que Marco Júnior estava alguns meses abaixo da faixa etária exigida. “Bem, acho que não podemos ir”, eu disse, mas Marco tinha jeito com as palavras. Ele chamou o coordenador de lado e, antes que percebêssemos, ele já estava de volta nos dando permissão para que todos comparecessem. Eu digo, olhando para trás agora, DEUS tinha planos e Ele nos queria lá. Foi uma experiência que nunca esquecerei.

Chegamos na sexta-feira à noite e dormimos todos em cabines diferentes. Perfeitamente separados com um para as meninas, outro para os meninos, um para os homens e outro para as mulheres. Foi como estar novamente no acampamento de verão. Tivemos atividades separadas e juntas. Sábado à noite tivemos um culto juntos no salão principal. Sentamo-nos em família ouvindo a mensagem, quando estava prestes a terminar, perguntaram se alguém quisesse oração que subisse ao altar. Natália deu um pulo, e foi até o altar e caiu de joelhos. Olho para ela e percebo que ela estava chorando. Eu rapidamente me levantei e fui confortá-la e abraçá-la. Sempre parte meu coração ver algum dos meus filhos chorar e eu queria fazer o que pudesse para ajudá-la. Com uma voz fraca, ouço-a dizer: “Não quero que você me deixe”. Oh, como isso perfurou meu coração e eu não consegui me conter e comecei a soluçar. Na minha cabeça, todos esses pensamentos surgiam sobre como eu a conheci com apenas 1 ano e meio, e aos 3 anos ela estava morando em tempo integral com Marco, sendo arrancada da vida (seja lá o que fosse bom ou ruim) que ela tinha com sua mãe biológica. Ela tinha passado por tanta coisa, cheia de instabilidade. Aos 4 anos já nos casamos, esperando que isso lhe trouxesse algum tipo de normalidade, mas sei que ela viu tanta coisa que nunca deveria ter visto, e ouviu tanta coisa que nunca deveria ter ouvido, será que seu coração algum dia iria sarar??? Ela viveu com a incerteza do desconhecido de onde era o seu lugar nesta família, nesta vida, neste grande mundo com apenas 9 anos de idade. Não tínhamos contado a ninguém sobre o divórcio, mas ela sabia, como? Não sei, mas como tantas outras coisas, ela ouviu, viu e soube. Ah, como eu gostaria de poder voltar no tempo e consertar todas as coisas, mas a vida não funciona assim, só DEUS poderia fazer isso por ela agora, mas eu fiz o que fiz naquele momento só por ela.

Ela ERA MINHA filha e eu a abracei com muita força e disse: “Eu nunca irei deixar você”. Beijei sua cabeça, levantei-me e fui para outro canto da sala. Caí de joelhos e apenas chorei. Eu estava exausta! Clamei a Deus, abri meu coração e disse: “Deus, você sabe o que passei e o que estou passando agora. Você sabe o que eu quero em um homem, em um casamento, em uma família. Não posso fazer isso, simplesmente não posso. Mas, se você quer que eu fique com Marco, você tem que fazer alguma coisa, porque eu simplesmente não posso.”

Naquele momento Marco veio até mim e tentou me consolar colocando as mãos em meus ombros, mas eu rapidamente o afastei. Eu estava com tanta raiva que só queria gritar. Fiquei com raiva dele por causa de suas constantes traições e incapacidade de ser fiel. Eu estava com raiva de mim mesma, por que não poderia ser bom o suficiente para ele, para que ele não precisasse procurar outras mulheres? Por que não consegui manter este casamento e esta família unida? Fiquei tão frustrada e confusa sobre porque tudo isso tinha que acontecer, quero dizer, ninguém entra em um casamento querendo que ele fracasse, mas foi exatamente assim que me senti. Um fracasso total! Como isso pôde acontecer comigo?

Finalmente me levantei e sentei sozinha na fileira mais distante de todos. Uma mulher veio e sentou-se ao meu lado e disse suavemente: “Eu sei o que você está passando”. Virei minha cabeça lentamente para ela, com um olhar muito severo, e disse: “Você NÃO tem ideia do que estou passando”. Virei minha cabeça para frente. Ela não disse nada, levantou-se e foi embora calmamente. Naquele momento o Espírito Santo me cutucou e eu senti isso. Fui muito rude com ela, então fui até ela e pedi desculpas, então me senti levada a lhe dar meu número. O nome dela era Rosa e ela era tão doce. Não nos falamos pelo resto do fim de semana e voltamos para casa.

Na semana seguinte, recebi um telefonema dela. Ela disse que ora com uma amiga pelo telefone pelo casamento delas e que tinha um livro que queria me dar. Combinamos de nos encontrar em um restaurante. Quando nos sentamos, e antes mesmo de eu dar a ela a chance de falar, eu disse: “então, você disse que sabia o que eu estava passando? Bem, deixe-me contar tudo a você. Naquele momento eu “abri o verbo”, como dizemos. Eu queria justificar todas as minhas ações para que, como qualquer pessoa normal, ela tivesse que concordar que o divórcio era exatamente o que eu deveria fazer. Ela era tão paciente, não falava muito, apenas ouvia. Ficamos juntas por quase 5 horas, coitado do garçom, ele só ficava olhando para nós, esperando que fôssemos embora. Ela não deu sua opinião nem nenhum conselho, simplesmente me deu o livro e me pediu para acompanhá-la na ligação naquela noite. Eu concordei e nos despedimos.

Naquela noite, juntei-me à oração. Eu nunca tinha experimentado nada parecido. Fiquei maravilhada e pensei como seria ótimo aprender a orar como elas. Não foi repetição ou vazio, foi compartilhar seus corações com Deus com amor e paixão. Eu amei. Depois de desligar, peguei o livro e sentei na escada. Fechei os olhos e orei: “Deus, ouvi os conselhos de todos sobre o que fazer. Eu tentei tudo que pude imaginar, sem sucesso. Hoje, quero ouvir o que Você tem a dizer. Abra meu coração enquanto leio este livro e fale comigo. O que Você está tentando me mostrar? Estou me rendendo a Você e quero ouvir tudo o que Você está me dizendo. Meu foco está em VOCÊ!”